janeiro 08, 2010

Brasileiro: o autêntico bunda mole.

Pra começar, antes de dar vazão ao seu ufanismo bananense leia até o final, depois se quiser me xingue à vontade.

Eu estava num supermercado outro dia, mais precisamente no caótico mês de dezembro, e as filas nos caixas eram intermináveis. Aquele monte de senhoras comprando castanhas, senhores comprando vinho e "galeras" comprando cerveja.

Se houvesse no lugar aquelas placas dizendo o tempo estimado de atendimento, elas deveriam indicar algo próximo da idade de Matuzalém. Pois bem, no meio desse "conforto" todo, uma caixa desliga sua máquina registradora, coloca uma plaquinha de "fechado" no seu posto e avisa que "está na hora do lanche".

Longe de mim pretender que uma caixa de supermercado morra de fome bem ali num dos templos da gulodice, tal qual morrer poeticamente de sede em frente ao mar, mas isso é problema dela. O problema do caixa fechado, que logicamente deveria ter sua operadora substituida, era do gerente da espelunca e o meu problema era só um: conseguir sair dali enquanto 2009 não acabava.

As pessoas que estavam na fila do caixa da mocinha que foi lanchar, eu incluído, começaram a reclamar de ter que mudar para outra fila, da demora no atendimento, de um monte de coisas, mas aquela reclamação tímida, meio que ao pé do ouvido, típica de um contínuo na fila de um café da manhã gratuito.

Como posso ser tudo, menos um cara "dócil", resolvi que aquele muro das lamentações não era o meu lugar e fui procurar o tal gerente, se é que aquele local possuia um.

Bom, sim, havia um gerente que estava ocupado batendo papo com os rapazes da entrega sobre as possíveis contratações do Botafogo. Fui obrigado a interromper a mesa redonda e falar com o dito cujo.

- Boa noite, o Senhor acha normal que um supermercado tenha filas deste tamanho, mal organizadas, entupidas de gente, lentas, e no meio disso tudo uma caixa saia para lanchar sem que ninguém a substitua?

- Senhor (lá veio ele com esse "Senhor", botam na sua b..., você sabe, e te chamam de "Senhor"), o Sindicato exige que elas tenham direito à uma pausa para o lanche.

- Amigo, não me interessa o Sindicato e nem o misto-quente da menina, ela que saia, mas é seu trabalho colocar alguém no lugar ou então você mesmo ir pra lá operar a caixa, já que não acredito que um gerente de supermercado não saiba fazer isso.

- Mas ela não vai demorar nada, em 10 minutos ela volta.

- Senhor (Rá! Agora era minha vez!), eu já estou aqui há uns 20 minutos e não faz parte dos meus planos dar mais 10 para vocês, mas já notei que essa conversa não levará a nada, me diz o telefone de reclamação do estabelecimento ou me entregue um livro para isso que eu não vou comprar mais nada aqui, porém vou relatar a forma absurdamente imbecil com a qual vocês tratam seus clientes.

- Tudo bem, Senhor (Bah, me devolveu a bola), vou pegar o livro.

Bom, depois do "desabafo", voltei pra fila para esperar o tal livro. E qual minha surpresa?

O livro chegou? O livro não veio? Nada disso! O gerente mandou que abrissem o caixa para me atender, isso mesmo, para que eu fosse atendido, somente eu e ele se livrasse do problema.

Chegou dizendo "Senhores, eu vou ter que abrir esse caixa 1 minuto para atender a este Senhor, mas por favor, permaneçam nos seus lugares".

Sabe o que aconteceu? Desculpem a caixa alta: TODOS OBEDECERAM!

Eu que precisei dizer: "Mas não mesmo! Que negócio é esse?! Quer dizer que porque eu reclamei você vai me tirar da fila e o resto das pessoas vai continuar na União Soviética? Nem pensar!".

Aí ele se tocou que havia deparado com um "sujeito pé no saco"(ou seja, eu) e abriu a fila para todos.

Moral da história: os políticos nos roubam, o Metrô nos trata que nem sardinhas em lata, a prefeitura deixa sua rua esburacada e mal iluminada mas te cobra impostos e multas cada vez mais leoninos, o Estado te cobra outros tantos impostos e te dá em troca um tratamento que nem chimpanzé de circo recebe, pedágios sobem, passagens sobem, os serviços só pioram, somos cercados de absurdos e excrescências diariamente e pouco ou nada melhora, sabe porque?

Porque temos no Brasil gente demais que fica quieta na fila do caixa, que vê alguém sendo privilegiado porque "defendeu seu lado" e não exige que defendam o lado delas também, gente que murmura reclamações mas não toma atitude nenhuma e, pior, quando alguém faz, ainda é taxado de "reclamão", "azedo", "baixo-astral".

Podem me falar "porque então você não vai pra rua protestar?". Porque eu seria um louco solitário que talvez conseguiria uns outros 50 loucos para andar atrás, se tanto.

E quanto ao resto? O resto murmura. Murmura e pasta.

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