Recentemente, eu ouvi uma historia daquelas que pensamos sempre:
“Não vai acontecer comigo.” ou “que isso nunca aconteça comigo” o rompimento
com seu companheiro, seu amor… Formavam um casal adorável, viviam para serem
felizes, e onde eles estivessem o amor estava no ar. como eu sempre falo “Love in
the air”
Sempre
nos “casamos” com muitos sonhos, propostas no coração de se ser feliz e fazer
feliz, construir um porto seguro, ter uma companheira (o) para sempre.
O
tempo vai passando… E nos relacionamentos a gente é feliz por vários momentos,
infeliz algumas vezes. Tem que se trabalha fora, tem pouco tempo para si mesmo.
O tempo passa sorrateiramente… levando sonhos que não se realizaram, outros que
nem sonhávamos em realizar; acrescenta beleza à vida, momentos inesperados de
amor que ficam para sempre gravados no coração do casal. Embora o tempo
vá levando a beleza física, (isso depois de um bom tempo) em um relacionamento
os olhos veem muito além do corpo: veem a alma do companheiro. São tempos de
cumplicidade, de admiração mútua, de sorrisos compartilhados, de mãos que se
conhecem, se completam, vivem na mesma sintonia, a ponto de não saberem onde
termina um e começa o outro. É uma unidade, para o que der e vier.
Sei
que isso não é muito comum hoje em dia. Existem casais que se suportam, vivem
de aparências, de interesses comuns, são mais sócios do que marido e mulher.
São casados por conveniência.
Mas
eu, hoje, quero falar dos casais que são carne da carne, cujas vidas são interligadas
e tão unidas que, embora não saiba, um não poderia viver jamais sem o outro.
Olham na mesma direção sente um enorme prazer em estarem juntos, experimentaram
todas as formas de amar, vivenciaram juntos tudo. E tudo o que importa é
continuarem juntos, os dois sozinhos – ou acompanhados dos filhos, dos netos
que virão – sentirem que ainda podem fazer brilhar os olhos do outro e ambos
respiram o mesmo ar.
Como
vou viver sem você?
Para
que eu me fizesse essa pergunta, e refletisse, profundamente, sobre todo esse
tempo de relacionamento em que vivenciamos tanta coisa juntos, tive que viver o
pesadelo da historia dessa pessoa, tive que sentir sua dor, que de tão grande
não achou espaço para sair toda, deixando-a atordoada, sem referencial e sem
chão. A metade dela arrancada assim, sem aviso, tudo tão brusco que posso
sentir que, por um tempo indeterminado, ela irá ficar ali, parada, perdida, no
labirinto da sua dor, sangrando, esperando que o tempo faça o seu trabalho…
A
pergunta que ela me fez ficou ecoando dentro de mim…
Como
vou viver sem essa pessoa?
A
gente perde o pai, a mãe, sofre, chora e se ampara mais ainda no companheiro,
na companheira, meu marido, minha esposa.
Os
filhos crescem, casam-se e vão viver as suas vidas. A família cresce; são
netos, sobrinhos, genros, noras, mas todos têm as suas vidas.
No
final, resta mesmo o princípio de tudo: o casal, ela e ele, ele e ela.
Um
conhecimento lúcido e claro veio sobre mim vendo a dor dessa pessoa.
Como
vou viver sem você?
Porque
viver juntos tanto tempo faz a gente achar normal estar assim tão unidos. Nem
me dou conta de que, às vezes, sou implicante, que me irrito com minha
companheira, reclamo por besteiras, fico dias aborrecido com coisas tão sem
importância… Como posso desperdiçar um dia que seja com brigas e discussões?!
Dou-me
conta, também, de que faz um tempão que não digo “eu te amo”, que não rio das
suas tolices, nem sou paciente para com o que ela precisa. Passo os dias
cobrando coisas, criticando sem necessidade.
Posso
ouvir você, ouvi essa pessoa, dizendo: “Por quê? Por quê? Como você pôde me
deixar assim, sozinha, em uma parte tão difícil da nossa caminhada, quando já
não sou tão jovem para recomeçar e nem tão velha para desistir?” Como vou
viver sem você? Nós fomos tão felizes, tão felizes...
Se
não fosse você, minha amiga, se não fosse a minha intimidade com sua perda, eu
não teria acordado a tempo de repensar a minha vida.
Só
fico muito triste de ter aprendido a valorizar mais o que tenho dessa forma tão
dolorosa, mas sei que vale algum consolo haver-me feito refletir e mudar.
Nesse
momento, estivemos muito próximos. Foi bom ver você sentindo o meu amor fluindo
forte e meu coração batendo alto e dizendo: “Eu posso entender você, eu estou
aqui, e, enquanto um de nós viver, achará uma forma de trocar a dor por
ensinamento, à solidão por companhia e de transformar a saudade em boas
lembranças”.
Afinal,
você vai ter que encontrar a resposta de:
“Como
vou viver sem você?”
Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência
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