novembro 17, 2011

O sonho acabou?



    Quando John Lennon disse “o sonho acabou”, eu chorei. Eu chorei copiosamente. Eu sabia tudo o que viria a seguir. E que o matariam também. Sim, não iriam deixar vivo um homem que, no desespero mais doloroso do mundo, anunciou o fim do sonho.

     Não se diz uma frase destas impunemente.  É perigoso afirmar que o sonho acabou. Que o sonho morreu. “The dream is over”. Que é isso, cara? Seria Deus um mero conceito pelo qual medimos nossa dor? Não pode ser.

     Deus está acima dos conceitos. E dores são subjetivas. Cada um tem a sua, cada um a conhece, em particular. Como diz o ditado: “Cada um sabe onde lhe aperta o calo”...

     Deve haver algo mais, além dos aviões de carreira. Todos podem sentir o cheiro de algo no ar. E não é a podridão do reino da Dinamarca. Nem a fumaça tóxica que escapa das chaminés, apagando as estrelas. Tampouco o aroma de uma flor do mal, nem nada parecido com algo que nos entorpeça os sentidos.

     Quem vai saber o que é? Ah, os Anjos estão de prontidão. As trombetas começam a ser ouvidas aqui e ali e riem dos que as ouvem. Você não ouviu? Eu ouvi uma tocar, eram 4 horas da madrugada. Mas ninguém acredita no que se ouve num horário destes, quando o coração quer recuperar o sonho.

     Ó, por favor, não digam mais que o sonho acabou. Eu quero acreditar em tudo que for possível. Eu creio na Bíblia, senhores, eu creio. Eu creio firmemente na Palavra de Deus. Eu creio. É preciso crer em algo para sobreviver.

     Se o sonho acabar, estaremos perdidos. Tirem tudo de um homem, mas não a sua capacidade de sonhar. Os sonhos são a nossa vida! Somos feito da mesma matéria dos sonhos. Os sonhos nos sustentam quando nada mais resta. Nem mesmo um amor. Quando o último adeus foi dado, fica o sonho. O sonho de uma vida inteira. De quem trabalhou, lutou, amou e sonhou.

     Onde estará John Lennon? Sonhando o sonho eterno, em algum etéreo ponto do universo? O que sabemos nós do outro lado, senão o que o sonho nos permita saber? Como tocar o invisível eterno em nosso tímido reconhecimento? Que lutas teremos de travar na passagem do possível túnel?

     Deus nos ajude nessa travessia. E como hoje estou um tanto enigmático demais, até para mim mesmo, termino com um poema simplesinho, faceiro e digno.

     Lá vai:


Morfeu



Ocê caiu nos braços de Morfeia e eu,
que não sou besta nem nada,
de Morfeu.
Meu!
Eita deus dos bão!
Ele vem alisano a gente,
fazeno uns cafuné,
começa lá pelos pé.
Né?
Aí, vai subino, subino
e quando a gente vê,
a gente tá durmino!...
eita trem bão sô.

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